Enfim, eu pensei muito antes de escrever essa carta final, Franciele. - E não é uma carta final porque, irei cometer suicídio. - É uma carta que definitivamente coloca um ponto final na nossa história que, quase terminou num final trágico para mim.
Queria dizer, que mudei muito nesses dez anos. - Até porque, de 12 anos para quase 23, dá pra evoluir e repensar muito nas nossas atitudes. - E refletir principalmente, sobre o silêncio.
Eu te amei de uma forma irracional, confesso. - E peço-te perdão por isso.
Eu não fiz só coisas que me prejudicaram, mas fiz, coisas que poderia te prejudicar. - Mas graças à Deus, você saiu ilesa de toda minha dor.
Se você está em depressão e está sem tomar banho há dias, a culpa não é minha. - Nunca fiz nada que pudesse te foder emocionalmente. - Mas pessoalmente.
Mas como eu disse, eu tinha apenas 12 anos e agi como um adolescente até receber sem vontade, um convite para ser adulto. - E aceitei, porque estava cansado de sangrar.
Eu não me sinto culpado por ter te difamado e nem de ter me cortado no dia do nascimento da Isa. - Tive razões pra isso e outra, não sabia que a Isabelly tinha nascido naquele dia 27 de Setembro de 2011. - Soube apenas, três horas depois.
Quando o Renan me deu essa notícia, eu ainda recebi como:
''A tia tá grávida''. - E não como:
''A filha da tia, nasceu''.
Aliás, talvez, naquele dia que eu te vi beijando o Diego, acho que você já estava grávida. - Foi eu, quem não percebeu.
Mas enfim, não é disso que eu vim falar. - Mas do que eu fiz quando eu tinha 13 anos. - Aquilo foi coisa de doente mental e poderia ter prejudicado seu relacionamento com o Murilo. - Era um relacionamento aberto, você não iria me culpar por isso. - Mas mesmo assim, quero lhe pedir perdão.
Quando eu coloquei os nossos nomes na minha página do orkut, lembra? - Errei muito em fazer isso, confesso. - Até porque, a gente não estava junto e isso, poderia te prejudicar. - Me sinto um psicopata babaca ao lembrar disso, mas tudo bem. - Preciso desabafar.
Quando eu te ligava todos os sábados às 10:00 da manhã e, era chamado de
''vagabundo'' pelo teu pai, lembra? - Também errei. Pois, invadi sua privacidade.
O Matheus até falou pra mim:
''Porra, Victor! A mina não te quer e você, fica aí, enchendo o saco dela?! Chega!''
Eu achava que ele falou isso por preconceito, mas não foi. - Ele falou isso, porque tava com a razão.
Eu poderia ter encontrado meu lugar. - Não por ser pobre, mas por ser socialmente inferior à você. - Sempre fui e sempre serei. - Deveria ter pensado nisso, antes de dizer que te amava!
Essa questão de ser
''gentinha'' você é mais que eu. - Até porque, você foi periférica durante anos. E eu, nunca fui. - E morar no Robrú ou, na favela, não é demérito pra ninguém!
Estou te pedindo perdão agora, até porque, agora sinto a pontada da solidão como nunca senti antes e, descobri, que tenho de abaixar a cabeça e chorar. - E não procurar abrigo onde não há.
Chorar... Humpf... - Pelo menos, agora, tenho liberdade para isso. - Lembro-me de uma época, que eu era repreendido, até por chorar:
- Para de Chorar, Mariquinha! Seja homem!
Enfim, agora, eu quero lhe pedir perdão por ter ainda seu telefone de côr, mas eu esqueço rápido. - Até porque, por causa dos comprimidos até confundo substantivo comum com adjetivo e, pretérito-imperfeito com objeto direto. - E não lembro nem o que eu comi no almoço.
Agora, não me sinto culpado por ter dito que te amava, não me sinto fraco por ter te dado um Diamante Negro:
(Naquele dia, o Gilson quase me atropelou, inclusive). E nem me sinto sensível demais por ter me cortado por sua causa.
Até porque, foram coisas que me enfraqueceram. - Você ficou intacta.
Não estou escrevendo isso, porque a Ku Klus Klan está fazendo um protesto nos Estados Unidos contra gays, deficientes, imigrantes, negros e judeus, também.
PS: Aliás, se eu estivesse nos E.U.A nesse momento, eu já estaria morto.
Estou te escrevendo isso, porque estou conformado em não te ter aqui, porque me sinto inferior à você e, porque, não adianta gritar a hipocrisia com megafone. - Um dia, você vai ter de abaixar a cabeça, novamente, pra tudo isso. - Dói, mata... Mas é melhor assim.
É melhor do que viver de utopia e, de afagos misturados com palavras mordazes.
Não quero teu perdão, não quero que você me compreenda e não quero seus abraços falsos. - Eu só queria dizer o que eu tinha pra dizer.
Até porque, isso não vai fazer diferença na tua vida. - Mas na minha vai...
E pra terminar: Temos ideologias iguais, mas atitudes diferentes.